sexta-feira, 27 de março de 2009

Marcela concede entrevista ao PSONLINE


Ao longo de sua história, a Associação Paraibana de Imprensa jamais foi presidida por uma mulher. Neste ano de 2009 este pode ser mais um tabu quebrado no Estado, caso a jornalista Marcela Sitônio seja eleita para o principal posto de representatividade da categoria. Marcela tem uma vitoriosa trajetória profissional, pontificando nos principais veículos da Capital, além da competência como mãe e do respeito dos colegas. Ela concedeu esta entrevista ao jornalista Paulo Santos (com fotos de Rogéria Pontes) no Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa.
Por que você é candidata a presidente da API?
Porque eu nunca fui ausente das questões que envolvem a minha categoria, que envolvem ética na imprensa, que envolvem todas as discussões envolvendo imprensa de uma forma geral. E agora eu acho que a mulher precisa ocupar os espaços. Agora eu quero dizer o seguinte: que eu não sou... o que me conduz á API não é só porque eu sou mulher, essa não é a condição para eu ser eleita. É porque eu tenho uma história de vida, que ela se associa a esse momento, que é de a mulher ocupar os espaços dentro da sociedade civil organizada. Agora o que me credencia é ter essa participação, a minha vida profissional, a minha vida pessoal... eu acho que é por aí.
A API, ao longo da sua história, teve uma participação muito grande da vida política e ideológica da Paraíba. Depois ela tomou um cunho meramente social, clubístico. Qual é a definição eu você pretende dar à API numa possível administração?
Caso eu seja eleita, eu pretendo que a API resgate se papel político, não partidário, de ela estar sendo representada dentro dos conselhos, nas discussões das agendas sociais, que ela seja um fórum de discussão permanente. Eu acho que esse é o papel da API. Eu não vou fazer crítica a quem passou, porque eu acho que cada um que entrou teve suas dificuldades. João Pinto teve suas dificuldades estruturais, a API enfrenta dificuldades financeiras por questão de apatia até dos próprios sócios, que não vão lá pagar. Então, eu não quero ver a API com retrovisor, embora você não possa negar o que foi a API. Agora eu pretendo resgatar esse papel que a API tem de importância dentro da sociedade, e pontuando as questões não só dizem respeito à imprensa, mas que dizem respeito à sociedade paraibana. E até estar envolvida nas discussões nacionais.
Dentre essas questões que muito se colocou nos últimos tempos, como o fato de a API ter perdido terreno, por exemplo, nas discussões sobre direitos humanos, que a OAB cresceu, não só em nível nacional mas também em nível local. Qual deve ser a participação da API nessas discussões?É o que eu falei: ela tem de estar representada nos organismos sociais para que ela participe efetivamente nessas discussões. Ela não se ausente, ela chame para si a responsabilidade que ela tem do seu papel de discutir as questões sociais. De melhorar a qualidade de vida não só das pessoas que fazem a imprensa, mas dos paraibanos. Eu acho que esse é o papel da API.
A API tem um papel social grande, porque nós somos formadores de opinião pública, nos estamos envolvidos em todas as questões políticas e sociais. Por que a API se ausentar dessa discussão?
Ela tem que estar permanente nisso.
Um dos mais graves problemas da Paraíba hoje é a divisão política entre dois grupos no Estado. E isso se reflete em outros setores, como o empresariado, a imprensa... Como você pretende lidar com essa questão que é subjetiva mas está muito presente na vida social e política do Estado?Primeiro, me isentando. Eu não sou representante de grupo nenhum, eu não estou a serviço de grupo nenhum. Eu vou estar a serviço dos sócios da API, esse é o primeiro ponto. Sobre essa divisão política, as ideologias precisam ser respeitadas, as posições políticas de cada cidadão. Mas o que você não pode é polarizar da forma que está posta aí, que só faz atrasar a Paraíba. Porque existem questões das quais você pode até discordar, questões ideológicas, questões partidárias, cada um tem sua ideologia de vida. Mas quando você visa o bem comum, você tem que respeitar essa pluralidade e partir para um ponto comum, que é o bem da Paraíba. Você vê briga política na Bahia, no Rio Grande do Norte, mas essas pessoas se unem quando é para trazer benefícios para o Estado, você vê uma bancada unida. E aqui na Paraíba você vê essa briga interminável, o povo está cansando disso. Eu acho que precisa acabar, as pessoas precisam ser mais racionais, deixar de ser menos emotivas, cumprir seu papel de gestor público. Por que quando elas se submetem ao voto elas são votadas. Então isso precisa ser respeitado. Quem perdeu precisa respeitar quem ganhou e quem ganhou precisa fazer jus ao voto para ficar lá.
Nos últimos tempos tem-se notado uma queda na educação brasileira em geral. E os cursos de Comunicação não fogem à regra.
Como você vê essa questão da má formação dos novos profissionais, com problemas estruturais nas universidades?
Esses problemas estruturais não dizem respeito somente ao curso de Comunicação. Mas como a gente está falando especificamente dessa questão, existe uma discussão acional muito interessante que está convocando audiências públicas para discutir essa grade curricular do curso de comunicação social. Já foi feita a primeira audiência pública no Rio de Janeiro, vai ter outra agora em Recife, agora em abril, e outra em São Paulo. Essa discussão está sendo organizada pelo MEC e representações de professores da Intercom. Essa discussão precisa ser discutida e por isso eu vejo com bons olhos. Ela já poderia ter sido encaminhada aqui na Paraíba, para que depois, quando chegasse essa audiência pública de Pernambuco, a Paraíba fosse bem representada lá. O curso de Comunicação, como eu te falei, ele tem problemas estruturais graves desde a discussão ética até a questão de equipamentos. E eu vejo isso como dificuldade, porque você sai de uma faculdade para atuar num mercado que é altamente competitivo e, se você não está bem preparado, você vai dançar. Antigamente tinha quem indicava. Hoje em dia você pode até encontrar uma pessoa que indique você para uma Redação, mas se você não tiver competência, você não permanece. Então os cursos precisam preparar o estudante de uma melhor forma, não só do ponto de vista cognitivo, mas do ponto de vista ético e humano, porque a gente trata com essas questões diariamente.
A API tem um problema muito sério do ponto de vista físico. A sede é bastante acanhada em relação ao que a categoria precisa. João Pinto até tentou mudar a sede para um outro prédio mas não conseguiu, não houve tempo. Como você pretende lidar com esse problema?
Eu não tenho nenhuma solução mágica, mas eu pretendo levar essa discussão para junto de todos os sócios. Porque dentro dos sócios da API, a gente tem empresários de comunicação, jornalistas influentes na sociedade, nós temos força política. Então vamos ver que destino dar à API. Vamos ver se a gente aluga o prédio, se a gente faz uma parceria para restaurar aquele prédio. Essa discussão eu não vou resolver só. Se eu ganhar, eu vou abrir essa discussão entre os associados para a gente ir junto buscar uma forma de melhorar essa situação. Ou vender o prédio, ou reformar com parcerias... Mas que a gente tenha uma sede digna para promover palestras e a gente ter orgulho da sede que a gente tem.

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